sábado, 1 de setembro de 2012

Justiça determina que estado pague mudança de sexo de pernambucano

Um intruso. Era assim que professor Alexandre Emanuel se sentia nas suas relações sociais durante grande parte de sua vida. O recifense de 45 anos nasceu mulher, mas nunca se sentiu confortável com os traços e as características femininas que possuía. Há 13 anos, começou uma luta para mudar de aparência, tomando hormônios e passando por cirurgias. Agora, ganhou na Justiça pernambucana o direito de passar por mais um procedimento, o definitivo: o que permitirá que ele tenha o órgão sexual masculino. Como em Pernambuco ainda não existe hospital público que faça essa mudança, a decisão obriga o estado a custear a operação no Hospital das Clínicas de Goiás, em Goiânia.

                       Professor já registrado como "Alexandre" (Foto: Reprodução / TV Globo Nordeste) 
Hoje com barba, bigode, voz grossa e pêlos nos braços, Alexandre só guarda os traços femininos por fotos. Quando ainda era criança, aos 3 anos, lembra que pediu ao pai de presente de aniversário um carrinho de brinquedo azul, contrariando a preferência das meninas de sua idade. Ao chegar à adolescência, a crise de identidade só aumentou. “Eu não conseguia me agrupar, porque eram conversas de meninas, sobre namorados. Eu não me enquadrava, tinha até vergonha de participar do banheiro feminino. Entrava, trocava de roupa e saía. Não gostava de ficar lá porque me sentia um intruso”, contou.

Quando Alexandre leu uma reportagem sobre o caso de Christine Jorgensen, uma transexual americana que nasceu homem e se tornou mulher, as coisas começaram a esclarecer e ele decidiu que precisava mudar de aparência. “Entendi o que sentia e o que eu era. Apesar de ser papéis inversos, o drama era o mesmo. Todo o sentimento é de estar no corpo errado”, contou o professor. A partir de então, foram anos de pesquisas em livros, internet, até procurar o setor de ginecologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), há oito anos.


 Alexandre passou por dois procedimentos, que duraram quase um dia inteiro: um foi a mastectomia, em que foram retiradas a glândula mamária e os músculos peitorais; o outro foi a chamada pan-histerectomia, quando os órgãos do sistema reprodutor feminino, como útero, ovários e trompas, foram extraídos. “Minha identidade é que sou um homem transexual, com orientação sexual heterossexual. Eu gosto de mulheres”, explicou.



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